Corujas e morcegos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Rabo de lagartixa


Será um
poema tão denso e coeso
que se dele eu desmembrar
as três estrofes iniciais
cada uma terá novo sentido
– completo, redondo, primal –
 porém, a conservar, latente,
a ligação visceral com o todo.

.E a estrofe derradeira,
solibunda, ecoará como
aforismo órfão, surreal,
ligada ao corpo do poema
só por tara atávica: rabo
de lagartixa a rebolar,
possesso pelo sem sentido
(a)parente? (tran
s)parente?
de uma sobrevida sem pé

nem cabeça nem sexo.
 
\ö/
.
1- Este texto, na verdade, nasceu (ou ressuscitou) de comentário a um intrigante poema de Diogo Liberano que li há séculos (ontem à tarde) no blog 'Plantando Livros e Escrevendo Árvores' (ou algo nessa linha), aqui

2 - Não estou certo de que a imagem acima seja mesmo a de um rabo de lagartixa. Pode ser também o rabo de um girino, de um tamanduá, pangolim, água-viva, ramster, uirapuru, mulher-melancia... Como vou saber, se nunca me atrevi a apalpar glúteos de ortópteros e platelmintos?
.

8 comentários:

  1. definitivamente não é um rabo de lagartixa, mas um rabo solto deambulando por aí. Porreta esses tudos,

    a
    braço

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  2. Poema supimpa! Só fiquei com um pouco de dó da estrofe solibunda...afinal ela um dia fez parte do todo, agora, não passa de um fragmento a se estrebuchar sem rumo...Ô vida cruel das estrofes solibundas desse mundo poético lagatixento!
    Em definitivo o rabo da imagem (ou seria a imagem do rabo?!) não pertence ao animal denominado lagartixa (não seria largatixa?! Ok, NÃO.) já me atrevi a apalpar o referido glúteo do monstrengo e não detectei aquela inusitada e protuberante barbicha.
    Não me agradeça pela valiosa informação, minha vasta cultura inútil está a serviço da coletividade.
    Beijos, muitos!

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  3. Não importa que rabo seja, o importante que elucidou o texto!

    Bjsss

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  4. Sem pé, nem cabeça, nem rabo de lagartixa. Adorei sua linguagem poética.

    BeijooO*

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  5. só tu mesmo pra pensar numa comparação de um poema incompleto com um rabo de lagartixa...genial!

    Caro Wil, sobre tua dúvida, acho que podes descartar como sendo da mulher-melancia, pois se fosse dela estaria balançando...

    Grande abraço!

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  6. Poesia é provocação, é paradoxo, entrelinhas entrecruzadas da intensidade de ser maior...E de ultrapassar...Meu abraço...Cá estou contigo.

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  7. que diabo tem no verso pra nos enrabichar tanto?

    beijo de rabo de olho.

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  8. Cedo ou tarde, todo mundo perde a cabeça e o rabo.
    Bjão, Wil e lindo fds

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