da sombra
(de nossos tantos corpos sempre um só) deitada
por tanta luz de tardes, noites e manhãs
ao medo
de que a mim tu me afogasses de tanta sede
do quanto tantas vezes em ti eu virei mar
de sangue
que azul verteste a cada mês por tantas luas
com tanto filho teu a que neguei o sol e dei
a-deus
(silenciado em tantos cantos que não cantávamos)
a cantar por si com tanta voz de silêncio
de beijo
nunca entanto tantos até beijar-se um único:
o que deixaste em mim p’ra ser a minha boca