Corujas e morcegos

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Hacais hediondos

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I
Pegue como seu
o que parece ser de outro
que nunca foi deus

II
Raio letal quebrou
a rotina sem retina
do menino cego

III
O frio dá vontade
de ressuscitar os mortos
para que caiam duros

IV
Sim, uma das sílabas
da palavra querosene
atacou-me o fígado

V
Eu, prato e colher
você, faca e guardanapo
se me cortar, limpe

VI
Uma cambalhota
fez o palhaço virar
verme, chão adentro

VII
Sem hipocondria
só coleciono moléstias
mortais para os outros

VIII
Nessa tua feiura
tem um tanto de beleza
que alguém te roubou

IX
Que tal se caçares
borboletas na paisagem
do abismo em que cais?

X
Guarda a grana aqui
nesta mão que vai te dar
o mais grato adeus