Corujas e morcegos

sábado, 5 de outubro de 2013

La guitarra


POEMA DE LA SIGUIRIYA GITANA

Garcia Lorca  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .

Empieza el llanto
de la guitarra.
Se rompen las copas
de la madrugada.
Empieza el llanto
de la guitarra.
Es inútil callarla.
Es impossible
callarla.
Llora monótona
como llora el água,
como llora el viento
sobre la nevada.
Es impossible
callarla.
Llora por cosas
lejanas.
Arena del Sur calliente
que pide camelias blancas.
Llora flecha sin blanco,
la tarde sin mañana,
y el primer pájaro muerto
sobre la rama.
Oh, guitarra!
Corazón malherido
por cinco espadas.

sábado, 14 de setembro de 2013

O cheiro da dor



Morrer de amor
morrerei ainda
(disposto, estou)
muitas outras vezes
tantas ou bem mais
do que há séculos
venho morrendo

Não me doi a dor
da não correspondência
Não me dói a dor
de antever o fracasso
Não me doi a dor
lancinante da perda

Minhas mortes
de amor não doem
nem pela exposição
de tanto cadáver meu
aos olhos do mundo

O que me dói – e muito
é esse cheiro pútrido
que eles exalam hoje
e decerto ainda (aposto)
além, muito além
da derradeira morte

terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma flor apenas



Gosto das flores solitárias

as que reinam nos horizontes das colinas
as que acendem e ascendem os baixios
as que implodem as cavernas e grotões
as que inflamam como vulcões as montanhas.

Quero assim, para que mais?
quem precisa de canteiros e buquês?
todas as luzes e fragrâncias da alma
estão contidas na misteriosa incontinência

de um único naipe de pétalas.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cegos




Os meus sonhos no teu sono
tuas vísceras no meu medo
nosso ímpeto à nossa espera

Tua raiva em meus gritos
meus silêncios em teu tédio
nosso adeus à nossa volta

Todo desejo pelo avesso
cada querer no sem querer
o encontro em nossas fugas

Cegos que fingem não ver.



terça-feira, 16 de abril de 2013

Concepção




                   Para Tânia Contreiras e Leonardo B. 

Com quantas contas me conta
teu rosário de dor e rosas,
à minha espera em silente cio?

Por que ardores me chamas
das profundezas que afloram
oceânicos vulcões de sangue?

A que final me destinas
em teu ciclo de incêndios
para os quais me concebeste?

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Na ponta do lápis




Antônio Rebouças Falcão

Como a noite vai
E mais em mar nenhum 
Sou
Para quem qualquer for
Tenho o de mim
O que de mim sou
Ou o que restou de mim
Assim sou
Uma espécie de começo 
Do fim.

Blog do autor: Dilema Paulistano