Furtei, da lixeira digital do Tuca Zamagna, uns contos de réis. Ele viu, mas pouco ligou, exceto por me pedir que, caso quisesse postá-los, os atribuísse a autor desconhecido. Portanto, fiquem sabendo: os nanocontos abaixo são de autor desconhecido.
Vantagem
A vantagem do cão que adotei sobre a criança que não quis ter é que ele não viverá o suficiente para me tratar como criança – nem como cão.
Herança
Dorme, meu filho, dorme. Vela-te a penumbra da minha pouca fé nos homens. Quando eu me for, herdarás sozinho toda a miséria do mundo.
Tempo
Quando andares, quando falares, quando te aventurares, quando envelheceres... envilecerás? Vendo-te o tempo que quiseres para responder.
Genealogia
Os gestos descoordenados de meu bebê embaralham-se com o Parkinson de meu pai, para traçar, com incrível clareza, minha descendência da minhoca.
Dotes
O assunto predileto de minha mulher, em qualquer roda, é o baita pau de nosso filho. Não condiz eu também me gabar do xerecão de nossa filha?
Não
O livro que não escrevi poupou a árvore que não plantei para o futuro do filho que não tive.