Enquanto tu descias ruas
e avenidas sem horizontes
para mim, como tanto beco
que lhe trouxe meu caminhar,
não pude ver a bicicleta
em que seguias, soberana,
como num trono pedalável
ante o qual eu só existisse
de joelhos, de mãos e de cara
no chão que tentei ser na vida
por ti criada para seguirmos
até muito além do horizonte.
E nenhuma vez pedalaste
pelos caminhos que aprendi,
a me negar que rumo fosse
qualquer rumo já conhecido.