Corujas e morcegos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desaforismos - II


1/

Se o homem tivesse asas, seríamos todos canários, saíras, colibris... – exceto alguns milhares de abutres, os mesmos de sempre, predadores naturais dos nossos vôos, com ou sem asas.

\2

O grande amor da nossa vida só pode revelar-se, nítido e insofismável, a partir do instante em que de vez partimos.

3/

Esqueci o poema do Kavafis, mas sei que seus versos já estavam escritos em mim quando a primeira noite me chegou com suas promessas, com sua sedução irresistível, com a pulsação mais intensa e constante em toda a minha vida.

\4

A espécie humana ainda existe graças à pouca consciência ecológica das serpentes, dos escorpiões, dos crocodilos, dos vírus, das bactérias...

5/

O melhor amigo não é o que ouve as nossas palavras, mas o que respeita a nossa pontuação.

\6

Eu não sou só espinhos: sou pétalas também, certo? É insuportável essa discriminação contra nós, cactos.

7/

Você já imaginou juntar todo o dinheiro do mundo e fazer:

(...) uma montanha, a mais alta do planeta, que teria na base uma riqueza incomensurável e, no cume, uns trocadinhos?

(...) um oceano em que muitos poderiam se afogar sob aplauso (ou vaia) dos demais?

(...) a mais gloriosa fogueira de todos os tempos?

\8

Não perca o seu tempo comigo. Encontre o meu – e poderemos dividi-lo para multiplicá-lo.

\ô/
 
Mais Desaforismos, aqui.