Corujas e morcegos

sábado, 14 de setembro de 2013

O cheiro da dor



Morrer de amor
morrerei ainda
(disposto, estou)
muitas outras vezes
tantas ou bem mais
do que há séculos
venho morrendo

Não me doi a dor
da não correspondência
Não me dói a dor
de antever o fracasso
Não me doi a dor
lancinante da perda

Minhas mortes
de amor não doem
nem pela exposição
de tanto cadáver meu
aos olhos do mundo

O que me dói – e muito
é esse cheiro pútrido
que eles exalam hoje
e decerto ainda (aposto)
além, muito além
da derradeira morte