Corujas e morcegos

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Passos de bípede


Lelena Camargo*

Cúmulos! Tufos brancos acessíveis aos olhos à primeira vista. Nuvens de bom temperamento soltas no céu.

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As pessoas são o foco absoluto da minha energia, a matéria da minha curiosidade, do meu afeto e do sentido que dou a minha vida.

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Acho nocivo ao pensamento fazer parte de um rebanho. Os rebanhos costumam não ter senso crítico e esquecer do valor de quem não está neles ou é diferente. Em suma, prefiro me perder e arcar com a minha lã negra a ter de seguir um pastor e um cajado.

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Eu, às vezes, vejo a humanidade como um grande caldeirão de lixo. Um aglomerado perecível e confuso entre vaidades e competições. O que nos torna interessantes e valiosos ou não é se o lixo de cada um é reciclável e útil ou se é apenas mais um peso morto a intoxicar a natureza humana.

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O bom humor é um desintegrador de armas. (...) Ele é como um grande campo de força, como um vírus capaz de bloquear o inimigo, refazer o inimigo e até conquistá-lo.

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É só sentar no chão e ter um pouquinho de boa vontade que a alegria vem.

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Tenho a sensação que o facebook e o twitter atrapalham o universo dos blogs. (...) Nos blogs, podemos nos aprofundar. Assusta-me essa dinâmica de que não se pode mais parar para sentir e aprender de verdade. É fácil confundir a superficialidade dessas outras ferramentas com agilidade e conteúdo e dar-se por satisfeito.

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A poesia da vida está de mãos dadas com a prosa da vida bem embaixo do nosso nariz desde que a gente nasce. É pegar ou largar!

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Minha escrita é a organização do meu inconsciente e do meu consciente dentro de um território livre (...). Ela vem como uma hemorragia, as palavras surgem em um encadeamento veloz, mas o núcleo, a emoção do que está a ser traduzido, foi anteriormente investigado e compreendido por mim.

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Ler me aciona a vontade de existir. Escrever me faz existir.

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*Trechos da entrevista concedida pela escritora ao blog Roxo-violeta, aqui.