Corujas e morcegos

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A porta do Inferno



Não nego o teu direito
de matar
o tempo, o espaço,
a realidade, os sonhos,
a ti mesmo
e a qualquer outro ser,
inclusive a mim.

Quem bate à porta do Inferno?

Não serei eu o teu juiz,
como não sou o teu guardião.
Sou, talvez, só um irmão,
fruto do incesto entre o teu senso
e a tua chance de pegar ou largar.

Quem bate à porta do Inferno?

És, enquanto fores, o previsto
maquiado pelo imprevisível;
o desesperado esperado
que pode chegar,
a qualquer momento,
de lugar nenhum, sabendo
aonde quer ou não quer chegar.

Quem bate à porta do Inferno?

Se alguém bate
e não és tu,
que apenas ouve as batidas
a ressoar aí dentro,
quem sabe então não sou eu
o que bate à porta do Inferno?
Seja lá quem for,
é melhor abrir logo:
pode haver a dor, o cansaço, o tédio
e seus respectivos anseios.
Vamos lá:
o dever nenhum
e as chamas (n).os esperam.
.