Corujas e morcegos

sexta-feira, 29 de abril de 2011

tanto tantos



da sombra

(de nossos tantos corpos sempre um só) deitada
por tanta luz de tardes, noites e manhãs

ao medo

de que a mim tu me afogasses de tanta sede
do quanto tantas vezes em ti eu virei mar

de sangue

que azul verteste a cada mês por tantas luas
com tanto filho teu a que neguei o sol e dei

a-deus

(silenciado em tantos cantos que não cantávamos)
a cantar por si com tanta voz de silêncio

de beijo

nunca entanto tantos até beijar-se um único:
o que deixaste em mim p’ra ser a minha boca