.
I
As horas, minha sombra
sempre diz com precisão.
Mas ouvidos só lhe dou
quando a piso por inteiro:
ao meio-dia em ponto.
sempre diz com precisão.
Mas ouvidos só lhe dou
quando a piso por inteiro:
ao meio-dia em ponto.
II
Sombra de mim, és sobra
do outro que sempre sou
a cada passo que dou
no que de mim sossobra.
do outro que sempre sou
a cada passo que dou
no que de mim sossobra.
III
Fotografam-me de pé
e revelam-me no chão.
Enquadram-me sentado,
na foto eis-me no chão.
Deitado, sim, é que surjo
lógico, na horizontal,
embora justo embaixo
de mim que lá não estou.
Mas no espelho, a sós
comigo, sou onde estou,
ainda que seja ainda
minha maldita sombra
que no aço se estampa.
Somente em radiografias
saio sempre bem:
é quando revela-se
o exterior do meu próprio eu
livre dessa sombria
víscera que me segue, à espera
o exterior do meu próprio eu
livre dessa sombria
víscera que me segue, à espera
de outros corpos meus
para invadir e comandar.
em radiografia, abreugrafia, caligrafia
ResponderExcluirabraço
e telepatossombrografia, Assis.
Excluirabraço
Uau, saudade de te ler...E chegou assim mexendo também nos meus tantos eus. Continua afiado, poeta. E eu, fã, sempre.
ResponderExcluirBeijos,
saudade também, Taninha. de você!
Excluirbeijo
ResponderExcluirE por que o poeta estava parado? Não responda, eu entendo. A gente para para prestar atenção em outros focos ou para negar a prosa, a palavra, o poema, ou, para por parar, como se as palavras não existissem mais. Há momentos também para nos perdermos e nos acharmos em nossas sombras. Eu também me reconheço por dentro. Quanto mais velha, mais transparente. Um dia, todos poderão ver que não tenho mais apêndice, nem vesícula, que tive hepatite quando criança... de tão transparente estarei.
A partir de hoje, irei receber teus posts via e-mail. Que bom!
Beijos,
Suzana Guimarães - Lily
terei de postar mais, bem mais, só pelo prazer e a honra de... entupir sua caixa de e-mails, Suzana.
Excluirbeijos
Sua sombra é um assombro, Wilden!
ResponderExcluirAbraço
agradeço em nome dela, Aloisio, servo capacho que dela sou.
Excluirabraço
Maravilhoso, Wilden. Andava com saudade de te ler. Vê se não fica mais tanto tempo sem postar.
ResponderExcluirBeijo
sim, senhora!
Excluirseu pedido é uma ordem.
hoje mesmo postarei alguma coisa, nem que seja a bula do meu desodorante pra chulé!
beijo
Merece complascência a sombra que, por mais rasteira que tente, não consegue nos derrubar.
ResponderExcluirBelo poema, sobretudo pelo assombroso engenho da parte III!
Abraço.
pior que ela me derruba, Marcantonio.
Excluire muito!
mas eu não quis falar disso no poema.
há que se preservar o mínimo de dignidade, não posso dar esse gostinho a mais a ela, né?
"assombroso engenho"? poxa, isso vindo de você, mestre da engenhosidade poética, é de se tirar o chapéu -- e dele, borboletas iluminadas de vaidade!
abraço
Como sempre maravilhoso! Saudades! Um grande abraço!
ResponderExcluirobrigado, querida.
Excluirsaudades, também.
faz tempo que não lhe faço uma visitinha, né?
um grande beijo!
E assim AS SOMBRAS SÃO.
ResponderExcluirLindo poema.
Um abraço
Wilden,
ResponderExcluirfaz um favor para mim?
me lembre de vir aqui sempre...
preciso receber as suas postagens, como faço???
belo foco sobre as sombras!
um beijo.
ah, tá, já me inscrevi!
ResponderExcluir:)
Andei vagueando por aqui e gostei do que li!
ResponderExcluirResolvi seguir.
Maria Emília
...e por essas sombras me encontro.
ResponderExcluirabç