Ser*
Carlos Drummond de Andrade . .
O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
Faz-se por si mesmo.
*Em Claro Enigma.
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Anotações do poeta
(ambas assinadas por extenso)
I
Meu filho Carlos Flavio nasceu às 4 horas e 15 minutos do dia 21 de Março de 1927, segunda-feira. Deus o proteja em toda a sua vida.
21 - III – 27 -- às 4 e 35 da tarde.
II
Meu filho Carlos Flavio morreu às 4 horas e 45 minutos do dia 21 de Março de 1927, segunda-feira
21 - III – 27 -- às 10 horas da noite.
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O que Viveu Meia Hora*
Carlos Drummond de Andrade . .
Nascer para não viver
só para ocupar
estrito espaço numerado
ao sol-e-chuva
que meticulosamente vai delindo
o número
enquanto o nome vai-se autocorroendo
na terra, nos arquivos
na mente volúvel ou cansada
até que um dia
trilhões de milênios antes do juízo final
não reste em qualquer átomo
nada de uma hipótese de existência.
*Em A Paixão Medida.
emocionei-me, isso não se faz...
ResponderExcluirbeijo!
faz coro nas palavras de Cris,
ResponderExcluirabraço
Nossa, me deu uma vontade tão grande de chorar.
ResponderExcluirbeijoss
Emoção também não faltou aqui. Coisa forte, essa!
ResponderExcluirBeijos,
Lindo,lindíssimo eu diria.
ResponderExcluirfoi o dia D mais intenso que li até agora.......................................
ResponderExcluirMeia hora hora é uma vida, embora, para vários, com 80 anos não se faça uma...
ResponderExcluirNão sabia desse filho do Drummond. Doloroso, comovente. E redentor, pela verve do poeta que nos socorre e encanta. Beijo
ResponderExcluirESSE POEMA SERVIU PARA O MEU TRABALHO... VALEU CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.
ResponderExcluirTU É O CARA
Estou fazendo uma pesquisa na aula de portugues mostrei poema para a professora foi dificil de entender mais ela esplicou. A historia e muito triste e o poema muito emocionante
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